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segunda-feira, 25 de abril de 2016

As Nove Deusas Canônicas
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Calíope.
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Vem comigo amada musa
pra chuva, cantar nas noites de fogo.
Traz o menino poeta que fui um dia
inspira-me tal qual fizeste com Orfeu
devolve-me para minhas lembranças
liberta meu espírito leve de criança.
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Clio,
Que ecoem as trombetas e os clarins
em tua homenagem, ninfa da fama!
Contigo aprendi a burilar meus poemas
ter domínio dos versos, ouvidos de aprendiz
e da tua clepsidra antiga extrair o tempo.
Leva-me ao sol do som, amante da música!
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Érato,
São das tuas flores e doçura o prazer
de escrever versos borrifados de alegria.
Com a flauta que amolece as pedras do caminho
vai recolhendo do vento as folhas secas com carinho
e letras florescem em flores na maior das fantasias.
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Tália,
Mil sábios não teriam o valor de um só bobo
que enfeitiçaste com o condão da cômica
máscara, e borzeguins. És o feitiço do jogo
porta-voz da comédia, alegria é a tônica.
Que o chá de tua Hera dê à voz, substância.
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Melpômene,
Grãfunesta do Monte Olimpo. Consagrada
pelo sumo, digo, vinho doce de tua videira.
Apesar da canção de tua tragédia, és amada.
A mantilha que envolve teus pensamentos tensos
desnuda-me por dentro, e eu sinto que cresço.
Nas tuas a parições aprendi o valor do silêncio.
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Terpsícore,
Mãe das sereias, encantas os poetas com ilusões
divindade da dança, contigo todo vivente rodopia.
Por vezes, tocas, à regência dos ossos no compasso
a música de uma lira com a cadência dos teus passos.
O céu das profundezas do mar, dominas em harmonia.
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Urânia,
Celestial entidade que embala o globo terrestre.
Aos pés do Monte Olimpo, com teu vestido celeste
do mesmo pano de fundo, que descortina o céu.
Acalmas os mares, balanças o sono dos astrólogos
indicas o rumo e navegas as equações matemáticas.
Rogam por tua inspiração, agricultores e astrônomos.
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Polímnia,
No véu branco e pensativa num pedestal alto
te encontrarei meditando, em História e Filosofia.
Com as velas infladas, singrarei até o raiar do dia
o rio divino dos teus hinos, até a sagrada melodia.
De lá verei tua face no mármore dos capitéis.
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Euterpe,
Sempre que te invoco, ouço de longe tua flauta doce.
Quando as palavras em chamas acendem pelo roçar
de tuas asas em meus pêlos, cresce meu caralho.
No vinho do erotismo, a poesia entra por um atalho
e os primeiros poemas mal ditos gemem em orações.
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Bento Calaça

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